O CRIME DA AVENIDA PASSOS

No Rio de Janeiro dos anos 30, quando a cidade ainda era percorrida em bondes elétricos e os jornais romanceavam as notícias policiais, um crime passional é desvendado pela narrativa ágil de Fátima Valença. Num romance policial que fisga desde a primeira cena, a autora acompanha o desdobramento dos fatos como se os descobrisse junto com o leitor. Um homem mata a sua mulher, uma jovem de apenas 17 anos, num apartamento da Avenida Passos. Entre sua prisão e a revelação dos motivos e da forma de execução do crime, reviravoltas reveladas a cada capítulo desvendam um mundo de mentiras, boemia, paixão e traição. Apesar da agilidade e da sucessão de surpresas de 'O crime da Avenida Passos', o leitor é introduzido aos poucos no universo da década de 30, primeiro a partir do linguajar da época, em que a briga ainda era educadamente chamada de 'contenda' e o ambulante era o mesmo que 'carcamano', depois sendo levado a descobrir os becos da Lapa de cabarés e dancings, a praia deserta de Copacabana e a vida cultural do início do século XX. Fátima Valença cria um policial à moda antiga, conseguindo embalar os fatos que envolvem o crime no contexto cultural da cidade - e de seu submundo. A típica vida comercial do dia e as drogas e a prostituição da noite no Centro do Rio são pano de fundo para as histórias de vida dos personagens, histórias que acabam costurando o próprio crime.