RAPID DEPARTURES: PARTIDAS RÁPIDAS

Estas partidas são rápidas mas deixam suas impressões como retalhos de conversa por mas e estradas. Deixam nuances de cores próprias a cada tempo-lugar visitado, ao modo das gravuras de antigos viajantes. Deixam marcas esculpidas na vista comungada de uma praia deserta, ou os traços arquitetônicos, anônimos, de humanidades inquiridas na grande cidade. Vincent Katz e Mario Cafiero dialogam nos desvãos que separam e unem profundamente as modernidades de Nova York e São Paulo, na amizade, candura e amor que ainda podem pairar na linha Norte-Sul. Na música e dança negras que ensaiam o ritmo do poema panamericano nascente. De onde vem Vincent? Essa poesia de histórias desfiadas, de paisagens decompostas, de sentidos decaídos mas ainda assim trilhados no espírito tenaz de uma ética da palavra, remonta aos modernos latinos Catulo e Propércio, ou aos modernos românticos Baudelaire e Apollinaire, mas principalmente a "última vanguarda" nascida no pós-Segunda Guerra, nos anos 50, em Greenwich Village: Frank O´Hara, John Ashbery, Kenneth Koch. Tendo vários parceiros nas artes visuais -entre eles o genial fotógrafo Rudy Burckhardt, que propiciou o belo dueto ´Boulevard Transportation´ (1997) -Vincent Katz chega agora ao Brasil como o mesmo andarilho ´cool´ que sabe muito bem que "Um passo para / a razão / não é tudo / ainda não". Francisco Foot Hardman