CINCO MARIAS

, a mais recente invenção do premiado poeta gaúcho Fabrício Carpinejar, retrata o universo passional e sensível de uma mãe e suas quatro filhas. O livro é composto somente de personagens femininos; as mulheres tomam a cena. "Revela-se uma obra de mulheres para mulheres, que os homens vão desejar espiar", brinca Carpinejar. É um longo poema de versos curtos, continuação de Biografia de uma Ã?rvore, agora com a família do Dr. Ossian, médico que considerou Avalor louco, protagonista das obras anteriores. Poema com enredo, trama e suspense, Cinco Marias pode ser lido tanto como poesia como romance, como seqüência ou individualmente. Tudo começa com a estranha ordem materna de enterrar a biblioteca. O marido e pai não aparece, fica como uma sombra rondando os aposentos. Diário de cinco vozes, sem pontuação teatral, o leitor terá que descobrir pelo temperamento quem está falando nos poemas. Como a brincadeira, as pedras vão se acumulando nas mãos até que todas sejam esclarecidas em um único arremesso e surpreendente final. Cada poema é a fala de uma das protagonistas. Segura-se uma das pedras de pano para pegar a outra e, assim, as personagens se complementam. A obra mexe com as aparências. Parte do princípio de que - em toda fala - as pessoas buscam muito mais esconder alguma coisa do que mostrar. Um pensamento somente é escolhido para ocultar as verdadeiras intenções Trata-se de mais um desafio no percurso do poeta. E, dentro de sua trajetória, não foram poucos os desafios: projetou-se em um homem de 72 anos (Terceira Sede), realizou um longo poema sem pausas sobre o pai (Um Terno de Pássaros ao Sul) e se transformou em árvore, além de demitir Deus por justa causa e criar o Novíssimo Testamento (Biografia de uma Ã?rvore).