LEI EM RANDADO, A

Mais um clássico bangue-bangue assinado por Elmore Leonard: A lei em Randado, da Coleção Faroeste. O romance – escrito em 1954, décadas antes de o autor trocar de estilo e se firmar como um dos maiores romancistas policiais de todos os tempos – foi uma de suas primeiras e mais marcantes incursões no gênero. Randado é uma isolada vila norte-americana em que todas as decisões políticas e judiciais estão vinculadas ao condado de Pima, localizado a mais de cem quilômetros dali. Como é de costume, quem dá as cartas no lugar são os mais ricos – no caso, Phil Sundeen. Farto de tal subordinação, ele reúne os principais patriarcas da cidade para a criação de um sistema judiciário próprio. Intitulando-se como a ordem de Randado, o grupo invade a delegacia local e arrasta de lá dois mexicanos acusados de roubar algumas cabeças de gado. Em questão de minutos, os ladrões são sumariamente julgados e enforcados em praça pública. Os justiceiros, animados com essa manifestação de força, vão comemorar o sucesso das execuções em um saloon. Mas há uma autêntica autoridade no lugarejo. Seu nome é Kirby Frye, um jovem correto e audacioso que foi nomeado pelo condado de Pima xerife de Randado. Após uma caçada a apaches fugitivos que o obriga a ficar fora da cidade por alguns dias, Frye retorna ao seu território e é avisado sobre os linchamentos. Surpreso, percebe que a maior parte dos habitantes de Randado – inclusive a garota com que pretendia se casar – está contra ele. Todos acreditam que um tribunal local, mesmo que absolutamente ilegítimo, pode fazer com que o povoado se torne mais independente. Querendo reafirmar o seu poder e sentindo a necessidade de fazer cumprir a verdadeira justiça, o xerife vai atrás dos responsáveis pelos crimes. Mesmo após ser agredido e rebaixado pelos capangas de Sundeen, Frye não abdica de suas funções e insiste em fazer brilhar sua estrela de xerife. Começa então um jogo de gato e rato pelas terras do Arizona, onde os planos de vingança de Kirby Frye ganham o apoio de homens da lei, fugitivos, brancos e índios. É aí que Leonard, como é marcante em grande parte de sua bibliografia, utiliza o western como um palco em que encena conflitos como o racismo e a luta de classes passíveis de existência em qualquer tempo e espaço. A lei de Randado é mais uma demonstração de que, tanto no western quanto no noir, Elmore Leonard sabe como ninguém criar personagens cativantes e tramas movimentadas sempre, é claro, lançando mão de um fundam