Sinopse
A educação integral, nas suas diversas modalidades e entendimentos, constitui a linha central de um raciocínio que inscreve nas sociedades contemporâneas, de modo continuado e sistemático, um modelo de formação que se tornou de tal maneira preponderante que somos incapazes de imaginar qualquer outra via ou possibilidade educativa. Eis o argumento que permite ler e interpretar - isto é, avaliar e criticar - a história do ensino secundário. Mas este argumento só tem capacidade operativa se for acompanhado de uma recusa das dicotomias que, regra geral, infestam o debate educativo, repetindo até à exaustão as mesmas idéias. Só é possível compreender, na longa duração, o processo de edificação do “liceu modernoâ€? se estivermos atentos à forma como a autoridade se inscreve a partir de um apelo à liberdade, como o controlo se instaura através do recurso à responsabilidade, como a disciplina é parte integrante do discurso da autonomia. E vice-versa. É a fusão destes termos, e não a sua oposição, contrariamente ao que uma certa historiografia nos ensinou, que nos permite compreender a mais importante instituição especializada na formação dos alunos após a infância e antes da idade adulta.