A GLOBALIZAÇÃO E A POLÍTICA DE FHC A LULA

A partir do lançamento da nova moeda e a eleição de FHC, o Brasil começa a passar por um período de profundas mudanças tanto na sua economia como na relação entre esta e a política. Tony Volpon demonstra como a lógica do primeiro mandato de FHC (1994-98) foi implantar uma revolução modernizadora seguindo os moldes da globalização. Mas essa tentativa de mudar o pais se deu a partir da supressão da política a favor do uso de políticas macro-econômicas como instrumento de transformação econômica, política e social. O autor mostra como as opções por um regime cambial rígido feito em 1995 e as reformas estruturais e econômicas que privatizaram grande parte do parque estatal só podem ser entendidas como uma opção por aquilo que ele chama de Leninismo Neoliberal, ou o uso de instrumentos econômicos para mudar o pais e subverter o processo político e democrático. Nesse processo há uma transferência da soberania para os mercados financeiros, chamados a serem parceiros nas transformações em curso. Estes começaram, assim, a assumir funções políticas. Como escreve Volpon, o eleitor vota a cada quatro anos, mas os mercados votam todos os dias. O livro identifica nesse processo a chave para entender o significado da globalização, como também por que enfrentamos uma seqüência de crises financeiras. Em uma tese inovadora e inédita, defende que quando os mercados assumem funções políticas eles perdem sua habilidade de funcionar racionalmente. Quando ha uma repressão da política, a própria economia começa a agir de forma patológica. A conclusão surpreendente e: quanto menos os mercados fizerem, melhor eles funcionarão. Essa conclusão serve para analisar as perspectivas do novo governo Lula. O autor conclui que se não houver uma valorização da política, se o governo Lula se resumir a uma versão talvez melhorada do governo FHC, o Brasil estará condenado a reviver os períodos de crise econômica. Somente a reabilitação da liderança política e um novo projeto para a Nação podem levar o Brasil a retomar o caminho do desenvolvimento sustentável