Sinopse
Ser mãe de uma criança com câncer é ter de se haver com a culpa - culpa de nada - e com o vazio que as explicações médicas não conseguem preencher. Em se tratando do câncer, talvez contribua mais para isso o fato de, apesar dos inegáveis avanços da ciência médica, suas causas serem ainda desconhecidas e sua cura, incerta. Essa realidade torna-se avassaladora num país que é comum o despreparo dos profissionais e a escassez dos serviços de saúde, para tratar até mesmo as enfermidades menos graves. E é das margens da escuta médica, nas quais resiste um saber singular alheio à racionalidade científica e ao discurso dos especialistas, que a mãe fala, questionando, à sua maneira, o saber uniformizador da medicina.