A MURALHA DE FERRO: ISRAEL E O MUNDO ÁRABE

O Estado de Israel completou, há pouco, cinqüenta anos e pode se orgulhar de importantes sucessos. Sua população de seis milhões de habitantes, por ocasião de seu cinqüentenário, era dez vezes a de 1948; um terço da população judaica vivia no país tendo como idioma corrente o hebraico, que até o surgimento do sionismo estava restrito à liturgia. O objetivo central do movimento sionista, de propiciar um refugio aos judeus espalhados pelo mundo, instilhando-lhes um sentido de nação e forjando um estado moderno, foi inequivocadamente bem-sucedido. Essas conquistas se tornam ainda mais expressivas se levarmos em conta a tragédia do holocausto. No entanto os numerosos e prolongados conflitos de Israel com os árabes, em especial com o povo palestino, lançam uma grande sombra sobre a história, marcada pela guerra e pela paz instável. A estratégia da "muralha de ferro", proposta na década de 1920 por Ze´ev Jabotinsky, pressuponha o trato com os árabes de um posição de incontestável superioridade, porém almejava igualmente uma etapa ulterior em que o estado israelense, consolidado e poderoso, estaria apto a negociar acordos de paz e prosperidade com os povos da região. A concepção da muralha de ferro vem perpassando, com interpretações variadas, homens e idéias do estado de Israel. Nos dias de hoje ela ganha uma expressão concreta e visível, ao passo que a paz abrangente no Oriente Médio continua indefinida. Neste livro ricamente documentado, Avi Shlaim, professor de Relações internacionais da Universidade de Oxford, coloca as ações políticas e militares de Israel sob uma lente firme e objetiva. Traça um padrão de política que remonta aos primeiros sionistas, evidenciando pelas guerras que marcaram boa parte da história de Israel, e traz o leitor até os últimos esforços de paz. Uma introdução especialmente feita pelo autor para a edição em português examina os acontecimentos ocorridos após a publicação original. Com as vastas fontes de pesquisa israelenses, árabes e ocidentais a que recorre, Shlaim não só aviva os fatos mas também conduz a uma compreensão crítica de uma dos conflitos mais intensos e obstinados dos tempos modernos.