AQUELE RAPAZ

Aquele rapaz é a história de um longo processo movido contra um menino. Nas primeiras páginas, o narrador evoca o instante fundador da identidade, que nasce mesclada à acusação "é ele". O título traduz e antecipa o método narrativo: distanciamento. Trata-se de um áspero e severo exercício de compreensão. A moviola da memória imprime à narrativa um ritmo acelerado. So há o tempo de olhar. É do choque entre as cenas que emerge a força do relato. Os ecos da guerra, os liceus, as leituras, a dança, os filmes, não compõem a história intelectual do crítico de cinema J. C. Bernardet. Quem procurar neste livro "as memórias", vai encontrar um bocado de ficção - e vice-versa. Aquele rapaz é um retrato de época construído a partir de uma ótica que desliza do geral para o particular, a partir das proibições e censuras impostas pela família burguesa e das fugas, revoltas e recusas do filho que se reconhece no conceito de bastardo.