PÉ DE PROSA, UM

Neste seu segundo livro de contos, Eduardo Diniz Junqueira parece estar reunido com amigos (e com os leitores, que são os amigos mais próximos de um autor) numa varanda larga onde casos, destinos e peripécias de personagens que conheceu ou concebeu vão se libertando da memória e surgindo cheios de coragem, de determinação, de sustos ou de artimanhas em narrativas carregadas de intrigas surpreendentes. O estilo e direto, próprio e entremeado de um humor sutil que, não raro, fica próximo do cáustico ao abordar as figurações do drama e da farsa que o teatro da vida encena. Os enredos misturam personagens que se movem no plano social, moral, espiritual, econômico, geográfico -e até histórico -com uma desenvoltura cheia de segurança porque o autor lhes dá uma maneira de ser, de atuar, de reagir, de se expressar, absolutamente ajustadas às situações existenciais de seu tempo e lugar. Às vezes, a história se torna estória. E da leitura não há corno sair senão refletindo sobre as informações que colhemos a respeito de homens e mulheres que palmilharam nosso chão com uma energia e uma extravagância que talvez não existam mais. Com uma desenvoltura que não descarta o rigor, Eduardo Diniz Junqueira escreveu este livro num momento de criação privilegiado pela madurez, pela experiência e pela sensibilidade que plasma o confronto e os ajustes do homem com a natureza. Uma natureza que, além de física, também e social e moral, conforme o leitor vai descobrir na tessitura destes contos.