CORRESPONDÊNCIA COM FERNANDO PESSOA

Mário de Sá-Carneiro foi o principal companheiro de geração de Fernando Pessoa. Os dois ficaram amigos trocando cartas entre 1912 e 1916, quando o autor de viva em Lisboa, e Sá-Carneiro, em Paris, experimentava a modernidade que parecia jorrar em todos os cantos da cidade, escrevia a maior parte de sua obra e se mataria com uma dose de veneno em 1916, num quarto de hotel. Dias antes do suícidio, ele enviou a Pessoa um pacote com seus manuscritos: "Pode fazer publicar os meus versos", escreveu, como quem avisava ao amigo que decidira abandonar a vida, mas não completamente. Nesta obra o leitor brasileiro tem a aportunidade de conhecer a fundo a vida e a obra de um poeta que se tornou um veradeiro mito literário. Fernando Pessoa é o principal responsável pela fixação da poesiae sa imagem de Sá-Carneiro na literatura por tuguesa ao organizar a primeira edição da obra poética do amigo, toda escrita no período coberto pela Correspondência (1912-16). Nas cartas reunidas neste volume, encontradas entre papéis de Pessoa depois de sua morte, em 1935, os dois discutem e comentam os poemas que Sá-Carneiro envia ao amigo; trocam impressões sobre a vida literária em Portugal, a criação da revista Orpheu e o surgimento de Ã?lvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis, os célebres heterônimos de Pessoa. Das cartas de Pessoa, restaram apenas cinco rascunhos, incluindo este volume. Em Paris, Sá-Carneiro amadurece sua dicção poética e se deixa influenciar pelas vanguardas artísticas parisienses. Com suas dificulades financeiras agravadas pelo início da Primeira Guerra, Sá-Carneiro passa a pedira Pessoa que o ajude a apurar algum dinheiro nas livrarias lisboetas onde seus livros estão a venda.