DOPAZ

Como a tropa de elite do exército brasileiro pacificou a favela mais violenta do Haiti. Inevitável a comparação. Uma das qualidades deste livro é a de revelar um lado avesso das controvertidas tropas de elite do Brasil. Nesta primeira década do século XXI, essas unidades de combate se tornaram populares e temidas, por expor nas ruas bandos de policiais militares mascarados, com o poder de matar. Aqui na obra de Tahiane Stochero a tropa de elite é outra. Os personagens não são soldados da Polícia Militar. São os homens do destacamento de operações de paz, o DOPaz, a ainda pouco conhecida tropa de elite do Exército. As semelhanças ficam restritas ao nome. A elite da PM transforma a missão de patrulhamento urbano nas grandes cidades brasileiras em um ato de guerra contra os mais pobres. A elite do Exército atua em uma zona de guerra e de pobreza, neste caso o Haiti, para estabelecer a paz entre os combatentes. A reportagem de Tahiane é repleta de situações inusitadas, reconstituídas por fontes e depoimentos de militares. Embora exponha a visão de apenas um dos lados, a autora nos conduz com isenção aos bastidores da ação pacificadora do Brasil na brutal guerra civil do Haiti. Os protagonistas são apresentados pelos codinomes e impressionam por suas atuações na guerra. E no final surpreendente do livro, eles reaparecem em missões durante o maior terremoto da história do país. Missões heroicas, que, obviamente, não revelarei aqui. Caco Barcellos