ALMANAQUE DOS MUNDIAIS - OS MAIS CURIOSOS CASOS E HISTORIAS DE 1930 A 2006

O grande público já se habituou a ler, ouvir ou ver Max Gehringer distribuir dicas e conselhos acerca do mundo corporativo em livros, na revista Época, na Rádio CBN, no Fantástico, da TV Globo, ou nas centenas de palestras que recheiam a agenda anual de um dos conferencistas mais disputados do Brasil. O que pouca gente sabia é que no peito do ex-executivo, escritor e consultor de carreiras também bate um coração apaixonado por futebol. Lançado pela Editora Globo, ALMANAQUE DOS MUNDIAIS é a prova definitiva dessa paixão.O livro revela uma faceta oculta do autor: a de incansável colecionador de todo tipo de informação referente às Copas do Mundo, atividade que cultiva desde a infância. Em ALMANAQUE DOS MUNDIAIS, Gehringer abre seu baú de dados, causos e histórias para recontar a saga de todas Copas, de 1930 a 2006, com insuspeitada riqueza de detalhes.Cada capítulo descreve o contexto dos países-sede e desvenda os bastidores políticos da organização de cada torneio – como o empenho do regime fascista de Mussolini, que criou uma loteria e aumentou impostos sobre produtos para financiar (e afinal vencer) o Mundial de 1934. Dados extracampo como esse emolduram um minucioso trabalho de pesquisa, que resgata a trajetória das seleções campeãs em cada certame e, claro, destaca as participações brasileiras. Gehringer relembra, jogo a jogo, as partidas disputadas por nossos escretes, fornecendo placares, fichas técnicas e escalações.Bem ao estilo do autor, toda a narrativa está entremeada de fatos curiosos e observações sensíveis que acentuam o prazer da leitura. Como o suposto gol de pé descalço de Leônidas, feito contra a Polônia em 1938. Ou a comovente cena vivida pelo técnico Telê Santana em 1982: logo depois de sua brilhante seleção ter sido surpreendentemente eliminada pela Itália, Telê foi aplaudido de pé ao chegar à sala de imprensa – inclusive por jornalistas italianos.O mais atípico dos livros de Gehringer chega às livrarias como obra de referência em futebol, mas é, também, obra de reverência à memória de um evento esportivo em que uma única vitória ou derrota determinam os humores de toda uma nação. Algo que é bem ilustrado no texto de apresentação do livro, em que o autor rememora um episódio relatado por seu pai, sobre a fatídica decisão do Mundial de 1950, disputado no Brasil. Junto a milhares de outros torcedores, o pai de Gehringer ficou do lado de fora do Maracanã e, como nem sequer havia rádio portátil na época, todos seguiam os rumos da final pelo ruído vindo de dentro do estádio, que explodiu de alegria com o gol do Brasil. Como o silêncio subsequente não denunciou a virada do Uruguai, a turba dos sem-ingresso ficou de olho no relógio e comemorou com gosto no momento em que supostamente a partida seria encerrada. Todos só vieram a saber da trágica derrota para o Uruguai quando os portões se abriram e uma massa silenciosa começou a sair do campo de cabeça baixa e olhos vermelhos.