Sinopse
Nos dezoito textos, Fernando Henrique Cardoso dialoga com seus mestres sobre os temas recorrentes que unificam o volume: o embate entre Estado e sociedade civil, o legado da colonização, as vicissitudes da democracia, os entraves ao desenvolvimento econômico, a promoção da justiça social. Mas além da fina análise dos textos, sempre feita com grande verve narrativa, o ex-presidente contextualiza obras e autores, muitas vezes tratando do impacto pessoal que os últimos lhe causaram. De fato, em alguns casos, se trata de afinidades não somente intelectuais: por circunstâncias geracionais e entrecruzamento de vida, fhc se beneficiou do contato direto com vários dos autores cujas obras comenta no livro. É o que ocorre com Florestan Fernandes, de quem foi aluno e assistente antes de serem colegas e vizinhos de rua, assim como com Antonio Candido, também professor e mais tarde colega. Ou ainda Celso Furtado, com quem dividiu uma casa em Santiago nos breves meses em que o grande economista trabalhou na Cepal depois do golpe de 1964, e Caio Prado, que a exemplo de Florestan e Sérgio Buarque fez parte da banca de doutorado do futuro presidente, e com ele conviveu no final dos anos 1950 e inícios da década seguinte, quando era o inspirador da Revista Brasiliense, com a qual fhc colaborava, sem falar nas desventuras de militância ao redor do Partidão. Pensadores que inventaram o Brasil é assim leitura obrigatória para entender as visões que deram forma às tentativas clássicas de explicação do país, e um convite a refletir sobre a relevância dessas análises ante os desafios do futuro.