Sinopse
Em "Prisioneiros da Guerra", a historiadora Priscila Ferreira Perazzo realiza uma pesquisa minuciosa sobre o tratamento dado pelo governo de Getúlio Vargas aos estrangeiros de países em guerra contra os Aliados, principalmente os provenientes da Alemanha. O livro é resultado de sua tese de doutorado em história social pela Universidade de São Paulo (USP), defendida em 2002.
Estrangeiros foram considerados "súditos do eixo" e se tornaram alvo de uma política discriminatória, sofrendo vigilância, repressão e, em alguns casos, até detenção em campos de concentração. Seis décadas depois do final do conflito, a informação pode parecer surpreendente para as novas gerações, mas a existência desses locais de reclusão era conhecida e registrada abertamente em documentos oficiais e na imprensa.
A obra relembra o período entre 1942 e 1945, quando o Brasil manteve campos de concentração nos estados do Pará, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maioria dos prisioneiros era civil, de origem alemã, seguida de japoneses e italianos. Não há registros do número exato de presos sob essas condições, mas, segundo estimativas encontradas pela historiadora, esses locais de internamento podem ter alojado em torno de 2 mil pessoas, quase todos homens.
"Em geral, os alojamentos eram precários e a alimentação, insuficiente", diz Priscila Perazzo, que encontrou alguns relatos de maus tratos. Em diversos estados, os prisioneiros eram mantidos em locais como estábulos adaptados em fazendas, prisões e colônias penais. "Normalmente, os prisioneiros eram obrigados a realizar todo o trabalho, desde a higiene do local, cozinhar a própria comida, cuidar da criação de animais e da lavoura", explica.