CARTAS DE UM MORTO-VIVO

Durante o lançamento da histórica obra Nosso lar, houve uma certa divisão de opinião nos meios espíritas. O prof. Herculano Pires foi um dos que apontaram, ao ler os detalhes sobre a vida após a morte, a ausência do senso universal mencionado diversas vezes por Allan Kardec, pelo qual às comunicações espíritas verídicas era essencial um mínimo de concordância entre si, ao serem produzidas por vários médiuns e em locais diferentes. O autor, Chico Xavier, pôs fim às dúvidas, apontando que já existiam livros de língua inglesa com relatos semelhantes à vida espiritual descrita por André Luiz. Cartas de um Morto-Vivo, recebido psicograficamente pela médium Elsa Barker, é uma das poucas obras traduzidas para o português que descreve com suficiente clareza a vida espiritual. O estudioso poderá perceber os maneirimos, trejeitos e peculiaridades do espírito comunicante e a pequena cultura doutrinária de médium, ocasionando por vezes falhas e incongruências espíritas que foram mantidas, sob pena de ver-se acusada de mutilação dos originais. No entanto, tudo o mais do livro vem salpicado de matizes que deleitam e ensinam o leitor, mostrando mais uma vez a importância de Francisco Cândido Xavier para a literatura espírita brasileira.