OS VALOROSOS

Este livro inicialmente era parte integrante do manuscrito de A Bela do senhor.Por sugestão do editor francês, Albert Cohen o transformou em um volume independente. Romance picaresco, em suas páginas continua a saga judaica da família dos valoroso, liderados em suas desventuras por Pinhas des Solal, vulgo Engole-Pregos, "alto tísico de barba em forquilha e expressão atormentada". Em suas tentativas quase sempre fracassadas de enriquecer, o herói dessa tragicomédia burlesca se envolve em todo tipo de empresas: negociatas, mesquinharias, cartas hilariantes escritas ao presidente da França e à rainha da Inglaterra... Num lance ousado, decide fundar a universidade de Cefalônia, coma suposta intenção de ensinar um pouco de civilização a sua comunidade de simplórios sefarditas perdidos no Levante.. Ao preço d alguns dracmas, os alunos podem seguir todos os cursos que o reitor e único professor desse templo do saber se propõe a dar. Técnicas de sedução da mulher, tal como praticadas na Europa; uma interpretação delirante e impagável de Anna Karenina, de Tolstoi; provas de existência ou não da alma (a primeira, mais cara, porque "mais difícil de provar") etc. É impossível nãos e deixar levar pelo gênio barroco do autor, por seu verbo torrencial, sua escrita lírica e violentamente poética. Sensual, exagerado, Albert Cohen pratica uma estética do excesso na qual, apesar da magia verbal e dos encantos do estilo, nada é exclusivamente literário. á uma infinita ternura nesse épico satírico de judeus orientais exilados no mediterrâneo, essas figuras quixotescas, chaplinianas, infantis, dementes. Por trás da farsa rabelaisiana, recheada do mais puro humor judeu, estão eles. Ébrios de palavras e emoção, mostram-nos todo o vazio da existência e a futilidade da aventura humana, sem se esquecerem de apontar a única saída possível para o impasse: o amor. Albert Cohen, judeu suíço de expressão francesa, nasceu na ilha grega de Corfu em 1895, tendo falecido em Genebra em 1981. Formado em Direito, trabalhou muitos anos como diplomata. Avesso à vida literária, escreveu poucos livros,