Sinopse
O Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar (Pabaee) foi criado em 1956, num momento de expansão do sentimento nacionalista no Brasil. O governo assinou convênio com os Estados Unidos para formar educadores brasileiros, no Brasil e nos EUA, e publicar textos para as escolas normais e primárias. Isso num movimento radicalmente oposto ao que já se fazia no Ministério da Educação.
De um lado o Pabaee enfatizava o lado técnico do ensino primário, na suposição de que uma boa didática e materiais adequados era tudo o que faltava à escola brasileira.
De outro lado, o Inep, sob a inspiração e a direção de Anísio Teixeira, enfatizava o lado social, na certeza de que existiam determinações culturais e políticas que explicavam, por exemplo, por que as crianças iniciavam tarde a escolarização, por que os pais tiravam seus filhos da escola primária antes de concluírem o curso, ou, ainda, por que o rendimento do ensino era tão baixo - evasão e repetência altas em vez de aprovação e promoção.
As autoras não apresentam uma explicação simplista na presença estrangeira na educação brasileira, como se a imposição de fora explicasse tudo. Elas mostram que houve receptividade e até busca da orientação americanista e expõem as disputas ideológicas na educação brasileira.
Chegando já com legitimidade, a orientação tecnicista do Pabaee aumentou seu apoio e se consolidou, a ponto de se tornar hegemônica devido à perda de dinamismo da orientação oponente, antes mesmo do golpe militar de 1964.