O DESVENDAR DO GRANDE LIVRO DA NATUREZA

Em que consiste o saber científico sobre a Natureza, especificamente, sobre a Terra, seus materiais, seus processos, na virada dos séculos XVIII e XIX? Praticou-se alguma forma de ciência, quiçá geociência, no Brasil daquela época? Tendo estas como indagações maiores e equipada com as melhores ferramentas da historiografia moderna, Clarete Paranhos da Silva parte em prospecção para as Minas coloniais do Brasil.Virando rios de escritos antigos, garimpando nas grupiaras de arquivos brasileiros e portugueses, eis que a descoberta se dá: Vieira Couto, diamante grande e raro, que Clarete vai encontrar nas nascentes do Rio Jequitinhonha, alto Espinhaço, em Minas Gerais...Em um texto extremamente bem articulado e fluente, lavrado em português de raras concisão e leveza, a autora revela-nos o seu achado, seguindo uma trilha de quatro estágios. Em primeiro lugar, mostra-nos suas ferramentas e o modelo exploratório. Caracteriza, a seguir, o grande cenário e os principais personagens das relações entre Portugal e a colônia na virada dos séculos XVIII e XIX, para então lançar todas as luzes sobre Vieira Couto, seu universo e sua obra...Analisando as mais importantes facetas de Vieira Couto e suas memórias, Clarete Paranhos revela-nos em primeira linha, um geocientista em total sintonia com o seu tempo. Surge, a seguir, algo como um técnico, personificado pelo indivíduo convicto da urgência de reformas, que se dariam, segundo ele, pela educação e ilustração dos agentes da prática mineira da colônia de então. Por fim, como já haviam feito outros leitores que a precederam, apresenta-nos um Couto quase poeta no retratar a Natureza.Julgo ser a presente obra de enorme importância para a História das Geociências no Brasil...O estudioso em geral, mas especialmente, o historiados e o geólogo encontrarão no presente trabalho, além de prazerosa leitura, um arguto olhar sobre o que foi o fazer científico nos primórdios do Brasil e de como se folhearam as primeiras páginas do Grande Livro da NaturezaFernando Flecha Alkmim