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AUTOBIOGRAFIA DE SANTO INÁCIO DE LOIOLA

Luis Goncalves Da Camara
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Sinopse
Dá-se com toda a justiça o nome de Autobiografia (ainda que ao longo da história tenha aparecido sob outras designações), ao relato que Santo Inácio fez da sua vida ao P. Luís Gonçalves da Câmara. Santo Inácio não escreveu as suas memórias de sua própria mão, mas a reprodução das suas palavras é tão fiel, que é como se ele as tivesse escrito. O P. Câmara e outros historiadores dizem que Santo Inácio as ditou e que o seu confidente as tomou dos seus lábios; expressões estas que nos revelam que este relato, ainda que traçado por pena alheia, conserva toda a espontaneidade de uma verdadeira autobiografia.Santo Inácio, nos seus últimos anos, concretamente entre 1553 e 1555, acedendo aos reiterados pedidos dos seus filhos, decidiu finalmente referir-lhes o percurso da sua vida, mas não de toda. O relato vai somente até ao ano de 1538, quando o governador de Roma concedeu sentença favorável em seu favor e dos seus companheiros3. A partir desta data, só temos algumas breves notas sobre as obras de apostolado fundadas ou promovidas pelo Santo em Roma e uma breve indicação sobre o modo como escreveu os Exercícios e as Constituições.Porque é que Santo Inácio terminou aqui a sua narração? É possível que tenha sido porque o resto da sua vida era perfeitamente conhecido pelos seus companheiros. Mas a razão principal deve buscar-se na rápida partida do confidente, P. Câmara, no dia 23 de Outubro de 1555. No prólogo que este escreveu lemos como quis aproveitar até às últimas horas da sua permanência em Roma, mas a partida impediu-o de continuar. Ainda que é de lamentar que o relato autobiográfico não se tenha prolongado até aos últimos anos da vida do santo, aquilo que nos deixou é de capital importância para conhecer a evolução interior de Santo Inácio e a génese da Companhia de Jesus.A Autobiografia é o fruto do natural desejo que sentiram os mais íntimos colaboradores de Santo Inácio de conhecer os pormenores da vida do seu pai em espírito. Em 1546, o jovem Ribadeneira mostrou desejos de escrever a vida do fundador. Um ano mais tarde, o P. João de Polanco pediu ao P. Diogo Laínez que lhe revelasse os factos da vida de Santo Inácio, que ele conhecia muito bem.Mas entre todos os que desejaram conhecer a vida do santo, distingue-se o P. Nadal que teve a coragem de se dirigir directamente ao fundador, pedindo-lhe que contasse a sua vida. Pode-se assegurar que se hoje temos a Autobiografia, o devemos ao P. Nadal. Este pretendia dar assim um modelo à Companhia, porque pensava que a vida de Santo Inácio era o fundamento da mesma Companhia.Os prólogos do P. Nadal e do P. Câmara, que antepomos à Autobiografia, referem-nos a maneira como ela foi escrita. O P. Luís da Câmara diz-nos que Santo Inácio se decidiu a narrar a sua vida, movido por impulso interior, «falando de maneira que mostrava ter-lhe Deus concedido grande clareza em dever fazê-lo» e que tinha determinado que fosse a ele que descobrisse estas coisas. A partir de então, o P. Câmara foi-lhe recordando todos os dias o seu compromisso, até que em Agosto de 1553, o santo deu início à sua narração.Santo Inácio não referiu a sua vida ao P. Câmara de uma só vez, mas em três ocasiões, separadas entre si por um longo período de tempo. A primeira, de Agosto a Setembro de 1553; a segunda, em Março de 1555; a terceira em Setembro-Outubro do mesmo ano.A última conversa com Santo Inácio teve lugar entre os dias 20 e 22 de Outubro de 1555, véspera da partida do P. Luís da Câmara. Este, por causa da pressa, não teve tempo suficiente para redactar as suas notas em Roma, e viu-se forçado a deixar esse trabalho para Génova, donde embarcaria para Portugal. Por não dispor, em Génova, de amanuense espanhol, foi obrigado a ditá-las em italiano.O relato inaciano tem todas as garantias de fidelidade e veracidade. Conhecemos o modo de contar as coisas usado pelo santo, «que é com tanta clareza, que parece que torna a pessoa presente em tudo aquilo que se passou». Por seu lado, o P. Câmara, que tinha muito boa memória, uma vez ouvido o relato de Inácio, «ia imediatamente escrevê-lo…, primeiro em pontos da minha mão e depois mais longamente, como está escrito».A fidelidade estende-se às próprias palavras: «Esforcei-me por não pôr nenhuma palavra a não ser as que ouvi do Padre», e se alguma falta houve foi que, «para não me desviar das palavras do Padre, não pude explicar bem a força delas». O próprio desalinho do estilo, nos leva à convicção de que não só os factos narrados, mas também as próprias palavras são de Inácio.Possuímos na íntegra o relato de Inácio? Não há razões para duvidar disso. Mas temos motivos para pensar que falta algo no princípio, já que Santo Inácio contou ao seu confidente «toda a sua vida e as travessuras de mancebo, clara e distintamente com as circunstâncias», e Câmara encerra todo este período da juventude de Iñigo na afirmação geral com que dá início à sua narração: «Até aos vinte e seis anos de idade, foi homem dado às vaidades do mundo, e deleitava-se principalmente no exercício das armas, com um grande e vão desejo de ganhar honra».Em relação aos factos narrados na Autobiografia nota-se uma grande diversidade. Encontramos tanto factos externos da vida de Inácio, como fenómenos internos da sua vida mística de união com Deus. Há episódios secundários referidos com muitos pormenores e, pelo contrário, chama a atenção o silêncio sobre factos importantes. Por exemplo, entre os muitos dados que encontramos sobre a vida de Santo Inácio em Manresa, falta toda a indicação sobre a composição dos Exercícios, da qual só se dá uma ligeira insinuação no fim do livro, já fora da narração cronológica dos factos.O que dissemos sobre a exactidão e fidelidade da Autobiografia, não deve aplicar-se do mesmo modo às notas marginais que o P. Câ-mara escreveu mais tarde e que no texto colocamos entre colchetes e em itálico, como já dissemos. Ao falar da verdade histórica deste documento, pode perguntar-se se foi sujeito à revisão de Santo Inácio; mas esta pergunta só se pode fazer acerca da parte escrita em castelhano, a única que o P. Luís da Câmara redigiu em Roma. Há umas palavras no prólogo do P. Câmara que nos levam a pensar que Santo Inácio nem sequer soube que o seu confidente ia pondo por escrito aquilo que ele lhe contava. Afirma ele que, depois de ouvir o Santo, «vinha logo imediatamente a escrevê-lo, sem dizer nada ao Padre, primeiro em pontos da minha mão…».Sabemos, contudo, por testemunho do P. Ribadeneira, que se fizeram cópias da Autobiografia antes de o P. Câmara ter saído de Roma, no dia 23 de Outubro de 1555, e que Santo Inácio mandou que se desse uma ao P. Ribadeneira. Se assim é, não parece improvável que Santo Inácio tenha visto o escrito do P. Câmara. Contudo, não temos provas de que o corrigisse ou revisasse.A Autobiografia inaciana chegou até nós em várias cópias manuscritas. Não se conservaram nem os pontos breves tomados pelo P. Câmara, imediatamente depois de os ouvir de Inácio, nem a redacção mais extensa feita posteriormente. Contudo, as cópias que possuímos são antigas e de grande valor. Entre todas merece preferência a que possuiu o P. Jerónimo Nadal, levando-a consigo, mesmo nas viagens fora de Itália. Não tem o prólogo do P. Câmara, mas além de nos oferecer o texto autobiográfico íntegro, contém também 13 anotações marginais postas por Luís da Câmara posteriormente. Constituem, por assim dizê-lo, uma terceira redacção do texto.Além do texto em espanhol e italiano, possuímos cópias das traduções latinas escritas uma pelo P. du Coudret e outra pelo P. João Viseto. A tradução do P. du Coudret foi feita, com toda a probabilidade, entre os anos 1559-1561, durante os quais o tradutor esteve no Colégio Romano. Tem ainda o interesse de ter sido corrigida pelo P. Nadal.Hoje pode parecer-nos inexplicável o facto de a Autobiografia ter sido publicada somente no século XVIII, e mesmo nessa altura segundo a tradução do P. du Coudret, e que o seu texto original só tenha aparecido em 1904, pela mão dos editores de Monumenta Historica Societatis Iesu. Neste texto aparecem somente as línguas originais; mas na nova edição, feita em 1943, pareceu útil publicar simultaneamente a tradução latina.Nos princípios da Companhia, houve dificuldade em que se difundisse o texto original da Autobiografia. Quando S. Francisco de Borja, em 1566, encarregou oficialmente o P. Ribadeneira de escrever a Vida de Santo Inácio, mandou que se recolhessem todos os exemplares existentes do relato inaciano, e até proibiu que se lessem e difundissem. A razão que Ribadeneira dava desta proibição era que «sendo coisa imperfeita [no sentido de inacabada ou fragmentária], não convinha que estorvasse a fé daquilo que se escreve mais perfeitamente». Na realidade, a Vida de Santo Inácio escrita pelo P. Ribadeneira não é, em grande parte, mais que a Autobiografia posta em estilo clássico castelhano.Devemos aos Bolandistas6 o mérito de terem arrancado do esquecimento o principal documento narrativo sobre a vida de Santo Inácio. Foi o P. João Pien o autor do erudito Commentarius praevius que enriquece o tomo sétimo dos Acta Sanctorum Iulii.

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Editora Apostolado da Oração :: Paulus
ISBN-13 9789723906295
ISBN 9723906295
Edição 1 / 2005
Idioma Português
Páginas 152
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