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AMAR OUTRO MAR

Lucilia Verdelho Da Costa
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Sinopse
" ... Malhoa é um apaixonado adorador da Natureza e um enternecido pintor das coisas e das pessoas simples e ingênuas ..." - Olavo Bilac, 1906JOSÉ MALHOA: EXPOSIÇÃO TRAZ AO BRASIL O MAIS POPULAR ARTISTA DE PORTUGALCom a apresentação de um conjunto de fado e marcando o primeiro encontro dos Ministros da Cultura do Brasil, Gilberto Gil, e de Portugal, Pedro Roseta, será inaugurada dia 10 de abril, às 18h30m, no Museu Histórico Nacional, a exposição "Amar Outro Mar: Pinturas de Malhoa", uma retrospectiva da obra de um dos mais populares e queridos artistas portugueses, reunindo pela primeira vez no exterior todo o acervo do Museu Malhoa, de Caldas da Rainha, terra natal do pintor, além de obras de colecionadores particulares e de instituições portuguesas e brasileiras. É, ainda, uma homenagem a esse artista cuja vida e obra entrelaçaram-se também ao Brasil e em cujas pinturas sobrevivem os rostos dos imigrantes, os costumes populares, a melancolia do fado e o encantador e pitoresco cotidiano português que tanto nos influenciou. São cerca de 110 pinturas e desenhos, sendo 82 vindos diretamente de Portugal e outros pertencentes a instituições brasileiras: Museus Histórico Nacional, Nacional de Belas , Imperial, Histórico e Diplomático do Itamaraty e Antonio Parreiras, Real Gabinete Português de Leitura, Beneficência Portuguesa e Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V. Entre as obras, destaque para a primeira versão de "O Fado", ícone da pintura portuguesa. Além das obras e correspondências do artista, esculturas de Bordalo Pinheiro, outro grande artista português, trajes do final do século XIX e objetos pertencentes à Amália Rodrigues, uma das mais importantes interpretes do fado português, situam Malhoa em seu tempo. Nascido em Caldas da Rainha, José Malhoa (1855-1933) integrava o chamado "Grupo do Leão", pintores naturalistas que, no final do século XIX, impressionados pelas correntes da modernidade européia, criaram obras significativas nas artes plásticas. De origem humilde, cursou a Academia de Belas de Lisboa entre 1866 e 1875 e quase desistiu de ser pintor quando não pode mais permanecer como bolsista em Paris no seu último ano de Academia. Os êxitos de suas primeiras exposições (Sociedade Promotora, em 1880 e 1º Exposição do Grupo do Leão, em 1881) foram o incentivo necessário para prosseguir em sua carreira. Sob a curadoria das professoras Lucila Verdelho da Costa, de Portugal, e Ecyla Castanheira Brandão, do Brasil, a exposição está dividida em quatro núcleos - "Paisagem", "Cenas rurais", "Entre campo e cidade" e "Retratos" - que revelam a temática de Malhoa: grande divulgador do cotidiano, pintor de retratos e de paisagens, registrou o casamento, a procissão, o trato da terra e a colheita, o vinho novo, a maternidade, a extrema-unção, a compra de votos, o ciúme, a infância, a velhice, o desalento ... registrou, ainda, a emigração, da partida dos humildes portugueses aos já bem estabelecidos no Brasil. No núcleo "Paisagem", em quadros notáveis como "Outono" (Museu do Chiado, 1918) e "Marinha" (Museu Malhoa, 1916), o artista revela seus dotes de paisagista, interpretando a natureza com luz e cor. Já no núcleo "Cenas rurais", quadros como "Clara Torcendo a Roupa" (Museu do Chiado, 1903) e "As Cócegas" (Museu Nacional de Belas , 1904) expressam a paixão de Malhoa por sua terra e seus costumes: amava o ar livre, a paisagem e seus camponeses e com eles construiu uma identificação entre a realidade e sua transposição plástica, atingindo sensivelmente a alma portuguesa. Já no núcleo "Entre campo e cidade", em obras que permaneceram entre nós, como "Gozando os Rendimentos" (Museu Nacional de Belas , 1893), vislumbramos os imigrantes já bem estabelecidos no Rio de Janeiro, como o burguês repousando num banco de jardim... O destaque desse núcleo é, sem dúvida, a primeira versão de "O Fado" (Coleção D. Vasco Pereira Coutinho, 1909). Pintura similar, datada de 1910, pertencente ao Museu da Cidade na Câmara Municipal de Lisboa, é um verdadeiro ícone da pintura lusa, tendo originado um fado dedicado à Malhoa, com versos de José Galhardo e imortalizado na voz de Amália Rodrigues: ... "Aquilo é bairrista, aquilo é Lisboa, Amália fadista, aquilo é artista, aquilo Malhoa ..." A letra do Fado Malhoa evoca as figuras do quadro - mulher recostada e o músico e sua guitarra num ambiente de interior - personagens reais do bairro português da Alfama com hábitos e costumes que pouco diferiam daqueles do campo ... Com seus "Retratos" , último núcleo da exposição "Amar outro mar: Pinturas de Malhoa", o artista conquistou definitivamente a sua fama. O Malhoa lisboeta e cosmopolita representou, de corpo inteiro, a boa sociedade de seu tempo: de grande significado social, os retratos de cerca de 1900 revelam o apogeu de retrato de aparato, em poses, acessórios e indumentárias. Na exposição, os quadros do Rei D. Carlos I e de sua esposa, D. Amélia (Caixa de Socorros D. Pedro V, s/data). Em cartas pertencentes ao acervo do Museu Histórico Nacional e também expostas ao lado dos retratos do casal, Malhoa lamenta o assassinato do rei ocorrido em Portugal poucos meses antes de sua vinda prevista ao Brasil para a inauguração da Exposição Internacional de 1908. (o automóvel Protos, pertencente ao acervo do Museu, foi comprado para recepcionar as autoridades estrangeiras ). A última grande exposição dedicada a Malhoa no Brasil aconteceu em 1906, no Real Gabinete Português de Leitura, tendo merecido comentários elogiosos de Antonio Parreiras, seu contemporâneo e amigo: "Os quadros que esse notável artista leva para o Rio são pedaços palpitantes de Portugal, são trechos belíssimos da vida portuguesa no que ela tem de mais encantador, de mais pitoresco, de mais característico". Quase cem anos depois, os comentários de Olavo Bilac sobre aquela exposição permanecem ainda válidos para a exposição "Amar outro mar: Pinturas de Malhoa": "recebendo Malhoa e os seus quadros, foi o próprio Portugal que recebemos - Portugal vivo e palpitante, fixado nas telas do grande pintor, e transportado através dos mares até o Brasil".

Categoria
Editora Museu Histórico Nacional
ISBN-13 9789727580149
ISBN 9727580149
Edição 1 / 2003
Idioma Português
Páginas 160
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