Sinopse
Sartre é um dos autores que renuncia à descrição da obra de arte visual. Nesta obra, Veneza surge, ao início da leitura, como uma espécie de alegoria da narração. É ainda o conceito de situação que consente a este texto manter-se no campo restrito da imaginação histórica, vale dizer, no âmbito da interpretação controlada das fontes, sem renunciar entretanto ao ensaio, e a esse tipo peculiar de ensaio sartriano, quase rapsódico, que se nutre de sua formidável vocação de ficcionista. Sartre foi retratista exímio de outros artistas, contemporâneos seus, como Wols, Giacometti, Calder e André Masson. Mas nenhum deles, nem mesmo Wols, figura dilacerada de artista entre todas, parece se prestar tão admiravelmente quanto Tintoretto à transfiguração em uma personagem do drama sartriano.