Sinopse
Desde que apareceu no cenário citadino, o cinema levantou suspeitas. As salas de exibição sempre sinalizaram para um tipo de interação social sujeita a interdições morais, tanto em relação às películas exibidas, quanto ao "estar juntos" no transgressor "escurinho do cinema". Numa sala especializada em filmes pornográficos e prostituição travesti, as coisas se intensificam. Este livro é o resultado de uma pesquisa antropológica numa dessas salas, o cinqüentenário e hoje extinto Cine Jangada. Tendo como pano de fundo a história das salas de exibição de Fortaleza, bem como os arranjos do circuito exibidor local, Alexandre Fleming Câmara Vale realiza, para além do exótico e do anedótico, uma reflexão etnograficamente informada sobre os guetos da cidade. Através da história desse cinema, que teve suas portas fechadas em julho de 1996, pode-se pensar o processo geral de reordenação da geografia social das salas de exibição: no centro, a pornografia vira destino, desaparecem as grandes salas e os shoppings passam a ser a nova morada do cinema.