A GENERALIZAÇÃO DIFÍCIL

As câmaras setoriais foram uma experiência de negociação entre sindicatos patronais, associações empresariais, Estado e agências estatais que tiveram lugar no Brasil na primeira metade dos anos 90. Diversos textos se encarregaram de notar o significado novo - para o bem e para o mal - que essas experiências tripartites representaram no contexto das relações entre capital e trabalho no Brasil, dominadas por um hibridismo entre corporativismo estatal e traços de liberdade e organização sindicais sancionados pela Constituição de 88. Em A generalização difícil, Leonardo Mello e Silva detém-se numa das experiências do período, a Câmara Setorial do Complexo Químico. Na primeira parte, o autor conta a história da câmara, seus antecedentes, e situa a sua relevância, inserindo-a no interior de um debate que mobilizou cientistas sociais, intelectuais e parte da opinião pública. Na segunda parte, analisa de forma mais detida os efeitos da reestruturação produtiva sobre a organização do trabalho em duas empresas, uma química e outra farmacêutica. Resulta uma obra relevante, que fornece bases para compreensão do insucesso do fórum não no sentido de se apagar a experiência, mas de registrar a ação desses atores sociais.