FÉ, PRODUÇÃO E POLÍTICA

Eduardo Ribeiro foi buscar iniciativas de pequenos agricultores de Minas Gerais a expressão de seu questionamento sobre o economicismo das teorias desenvolvidas para as associações e cooperativas no Brasil recente. A grande contribuição desta obra é que ela resgata a associação, não apenas como uma simples alternativa de sobrevivência, mas principalmente como a representação de um valor cultural construído pela comunidade. Alías, a respeito desta questão, Eduardo Ribeiro comunga com o mesmo ponto de vista de Gilvando Sá Leitão Rios (UFPB), que, em 1979, questionava a insistência num "cooperativismo para remendar as lacunas sociais muito gritantes no sistema". Numa sociedade dividida, onde o movimento mais constante é o da concentração da riqueza, começou-se a acenar aos excluídos com a alternativa associativa como forma de, qual gueto, poderem eles se encontrar e macerar as suas mágoas, sem pôr em risco os privilégios dos grandes capitalistas. As cooperativas, por exemplo, cumpriram a risca o seu papel de ser a alternativa oferecida aos pobres com se o "passe de mágica" da organização produzisse prósperos homens e mulheres de negócios, com empreendimentos vitoriosos e amplas melhorias das condições de vida.