OS SETE PECADOS DA MEMÓRIA: COMO A MENTE ESQUECE E LEMBRA

O diretor do departamento de psicologia de Harvard, Daniel L. Schacter escreveu com o respaldo de uma bibliografia de quase 500 estudos o qual consegue ser de grande interesse tanto para cientistas quanto para o leitor comum. O tema é sedutor a todos: as imperfeições da memória. Nele, iniciantes e iniciados têm muito a aprender sobre amnésia, déjà vu, hipnose, interpretação de sonhos, neurose de guerra, bloqueio de lembranças desagradáveis, plágio involuntário, o modo como recordações negativas podem levar à depressão e ao suicídio, o lado bom e o ruim de nossa capacidade de criar estereótipos, o mecanismo do medo, memorização de textos, aprendizado de línguas e diversos outros assuntos ligados à memória. Schacter trata desde os problemas de memória mais corriqueiros até os mais raros, sempre associando resultados de pesquisas a exemplos retirados do cotidiano. Os sete pecados da memória são bastante freqüentes e, muitas vezes, prejudiciais. São eles: transitoriedade (enfraquecimento da memória com o passar do tempo), distração (falha de concentração), bloqueio (dificuldade em resgatar uma informação), atribuição errada (confusão entre fantasia e realidade), sugestionabilidade (falsas lembranças criadas por indução de terceiros), distorção (influência do presente no passado) e persistência (incapacidade de esquecer algo). Tal categorização já é inovadora. No entanto, o mais surpreendente no livro é a tese de que essas supostas falhas não devem ser vistas como defeitos, mas como efeitos colaterais inevitáveis da poderosa capacidade de adaptação da memória humana.