Sinopse
"Em sociedade, em que tempos chorou-se? Desde quando os homens não choram mais?" A partir dessas perguntas, Anne Vincent-Buffault desenhou uma categoria emocional dos séculos XVIII e XIX. Uma idéia, no mínimo engenhosa. Afinal, se é verdade que os olhos são a janela da alma, nada melhor do que observar os deslocamentos da nossa objetividade. Escavando os acessos de choro que brotaram da literatura francesa da época, Vincent-Buffault demonstra a existência de uma estrutura simbólica construída de lágrimas. Longe de ser apenas uma manifestação transparente de espontaneidade, o ato de derramar lágrimas obedece a um complexo conjunto de regras não-ditas que legislam sobre a relação consigo mesmo e com o outro. Ler é compreender como o choro traz à luz signos que obedecem a um sistema determinado historicamente e passível de reviravoltas.