SERMÕES: A ARTE DA RETÓRICA

Hoje, a eloqüência é uma arte que se submete às mais diversas expressões da estética, sem que dela se procure obter o sumo ideal do ofício da palavra - dominar o ânimo do ouvinte. A eloqüência oratória não se considera por meio da análise de seus pensamentos transcendentais, imagens e conceitos mais fortes, nem pelos seus períodos profundos; substância e forma são inseparáveis, a dicção, a voz, o gesto, a figura, a alma na palavra - tudo está interligado e contribui para a vibração, o aplauso ou a repulsa do ouvinte; é a comunicação que se manifesta até a indignação. Possuir a oração perfeita, o estilo, a sinceridade evidente; derramar o orador a sua própria alma na palavra que fala e realizar a comunicação: a internalidade de alma em tudo que tem de sublime, decisivo, transferida para o ouvinte, eis o grande segredo da oratória. Padre Antônio Vieira, considerado "águia da eloqüência cristã", converteu a língua portuguesa em modelo de purismo, que deve ser seguido por todos quantos desejam falar bem e escrever bem. Considerando o que foi dito, qual é a relação que a ciência do Direito tem com um padre jesuíta do século XV? Não tão antigo como o Direito, mas preciso e contundente, usou a poderosa arma da palavra para defender suas convicções do dar voz a desvalidos. Aí, a ciência e a genialidade aliam-se, percorrendo um caminho único: do embate e da palavra.