OS MELHORES POEMAS DE PAULO MENDES CAMPOS

No poema autobiográfico Pensamentos em Prosa, Paulo Mendes Campos conta ter nascido em Belo Horizonte, em 1922, oito meses antes da morte de Marcel Proust,/ um século depois de Shelley afogar-se no golfo de Spezzia./ Nada tenho com eles, fabulosos./ Mas foi através da literatura que recebi a vida/ e foi em mim a poesia uma divindade necessária. A divindade necessária levou algum tempo para se impor em sua vida. Dias de revolta no colégio interno. Prenúncio de liberdade no ginásio, uma adivinhação de poesia nos florilégios estúpidos. A consciência de ser poeta se torna clara quando, em Belo Horizonte, começa a participar de um grupo de jovens escritores, formado por Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino, amigos de toda a vida. Os críticos filiam a poesia de Paulo Mendes Campos à geração de 1945, embora o poeta repelisse classificações. Preferia ver-se como um individualista, com dívidas a muitos poetas, de épocas diversas- um Garcia Lorca, um William Blake, um Jorge Luis Borges. O primeiro livro (A Palavra Escrita), saiu em 1951, em pequena tiragem e circulação restrita. Assim, a verdadeira estréia ocorreu com O Domingo Azul do Mar (1958), que revelava um poeta intimista, um tanto proustiano, em permanente busca do tempo perdido, sobretudo dos dias mágicos, mas tão atormentados, da infância. Nos livros seguintes, o poeta evolui para uma visão mais abrangente do mundo, reflete sobre as peculiaridades do país, mas nunca se liberta da humanidade provincial de que é originário, como observa Guilhermino Cesar no prefácio aos Melhores Poemas Paulo Mendes Campos. Uma parte importante da atividade poética de Campos foi dedicada à tradução de grandes poetas, de literaturas diversas, de Rosalia de Castro a W. H. Auden, de Carl Sandburg a Eugenio Montale, várias delas incluídas nos Melhores Poemas Paulo Mendes Campos.