Sinopse
Ferenc Molnár (1878-1952) ficou conhecido no Brasil por seu livro , romance juvenil de 1907 que chegou à língua portuguesa pelas mãos de Paulo Rónai, um de nossos mais notáveis tradutores. Nascido no seio de uma abastada família judia, o autor soube encarnar como poucos o gênio cosmopolita de sua cidade, logo se transformando em representante por excelência do "espírito boulevardier de Budapeste". Agora, com , traduzido do original por Paulo Schiller, o leitor brasileiro tem a ocasião de conhecer uma outra face de Molnár, observador aguçado dos últimos anos do Império Austro-Húngaro. Nesta novela de 1926, o narrador recorda um personagem de sua juventude: certo capitão de hussardos, figura simpaticíssima que gravitava em torno de uma estação termal, em plena ilha Margarida, entre Buda e Pest, e em torno ao qual, por sua vez, orbitavam mulheres, apaixonadas ou calculistas, com quem estabelecia relações. destoa da imagem do Molnár de Os meninos da rua Paulo. Narrando os feitos e as tribulações do capitão, a matéria da novela é essencialmente cômica, num leve tom de crônica jornalística. Basta recordar a primeira caracterização do herói: "era um homem atarracado, bastante forte, e seu caráter era definido por dois maxilares salientes". Com um mundanismo depurado e inteligente, Molnár monta um mecanismo sutil de personagens, situações e qüiproquós. Como se a história do misterioso "poste de vapor" guardasse algum segredo sobre a época anterior à Primeira Guerra Mundial; como se o erotismo fantasioso e cavalheiresco desse hussardo fosse o motor de todo um mundo que insiste em girar a dois ou mais palmos acima do real. resulta de uma lenta sedimentação de visões e experiências que se acumulam no escritor. Com este livro, Molnár toma alguma distância do sucesso e se aproxima da grande literatura.