Sinopse
A primeira biografia de Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), o autor do romance considerado universalmente como o mais importantes de todos os tempos, El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha, foi publicada em 1738. De lá para cá apenas uma dúzia de obras semelhantes vieram à luz. A razão? De Cervantes pouco se sabe, quase nada. Sua vida caminha sobre o fio do "talvez"; o reino da hipótese cerca a existência que se sabe desventurosa do filho nativo de Alcalá de Henares, na região de Castela, nordeste de Madri. As vidas de Miguel de Cervantes, de Andrés Trapiello, é um bom motivo para as comemorações, em 2005, dos 400 anos do surgimento do mais comentado romance entre nós. Principalmente por ser a mais provocadora e ainda assim a mais sensata biografia do autor. Mas também por conseguir sintetizar o encontro entre enigma e trajetória, entre o impacto da criação de Cervantes e o impacto de seus críticos, sem fazer de seu livro cansativo. Trapiello não cede à retórica do academicismo indigerível nem à iconoclastia entregue a gorduras tanto de idéias quanto de linguagem. Trata-se de livro extremamente bem escrito, de um escritor completo, que não trai o gênero da biografia, especialíssimo em si mesmo, mas que o discute um a um os principais biógrafos e comentadores da fortuna literária de Cervantes.