O FEITIÇO DAS ORGANIZAÇÕES: SISTEMAS IMAGINÁRIOS

Este livro visa buscar na abordagem psicanalítica de Eugène Enriquez a fundamentação para o estudo do imaginário nas organizações, no cotidiano da prática da política de recursos humanos. A novidade trazida por este texto está na relação entre a organização e o imaginário do trabalhador no momento fatal do desligamento e no inevitável sentimento de exílio que este provoca na volta do cidadão-vip da empresa tal para a condição de sem-pátria que a cidadania civil lhe confere. Com um flash nos depoimentos de 50 funcionários demitidos de uma grande empresa pelo "programa de demissão voluntária", este estudo visa compreender à luz de uma abordagem humanista aquilo que corriqueiramente as organizações chamam de "acordo demissional". "Empresa não é família. Aliás, não conheço nenhuma família que corte 20% dos membros quando entra em crise. Família divide o bife, põe mais água no feijão e não demite filhos." Mitos e credos como este são abordados corajosamente pela autora, de forma absolutamente inédita, com a finalidade, justamente, de discutir a dimensão imaginária que esse tipo de "pregação", que as organizações mantêm nos seus discursos cotidianos, provoca no trabalhador: sua crença na aliança com a empresa, seu terrível sentimento de traição ao desligar-se, sua volta sem esperanças para a pátria. Que pátria? O leitor é veementemente convidado a refletir sobre a problemática levantada pela autora e a repensarem si mesmo no que diz respeito à sua carreira profissional, à fidelidade ao seu ofício e à legitimidade do sistema organizacional tal como se tem estabelecido até então. Este livro busca provocar uma revolução: uma revolução amorosa, em que a crítica ao sistema seja também a esperança de mudanças que dependem de nós, para um mundo mais humano. Para todos.