O SELVAGEM E O NOVO MUNDO: AMERÍNDIOS, HUMANISMO E ESCATOLOGIA
Klaas Woortmann
(0) votos | (0) comentários
Sinopse
Até hoje, quando não compreendidos pelos "civilizados", o comportamento indígena é atribuído a uma suposta selvageria. A noção de selvagem tem servido frequentemente para tornar os ameríndios uma espécie de espelho da civilização ocidental - eles são aquilo que que nós não somos. Desde a antiguidade e ao longo da Idade Média, tal noção, em suas várias acepções, foi sendo construída pelo imaginário europeu. Com a descoberta do Novo Mundo, que pertubou profundamente a cosmologia e o pensamento teológico europeus, esse imaginário foi transferido para o continente americano. O selvagem foi primeiro inventado para ser depois encontrado, e aqui foram visto desde amazonas até seres teratológicos como os ´descabezados´, desde selvagens ferozes, instrumentos de Satã, até aqueles que serviram para se fazer a crítica da sociedade européia. Os ameríndios também ocuparam um lugar em várias teorias da história e em várias escatologias, como aquela de Antonio Vieira, assim como em diversos projetos políticos. Ainda hoje nossos indígenas são vistos de maneira bastante ambígua, abiguidade essa que herdamos de uma tradição civilizatória para a qual sempre foi difícil lidar com a diferença.