Sinopse
Se o Renascimento é o momento histórico no qual se manifesta com maior evidência a idéia de que a arte é, a seu modo, um pensamento rigoroso, então este , desaguando em Leonardo, situa-se no centro da de seu autor. Descobrimos aqui um diálogo intimo de um autor com seu tema, pois se Argan se encontra no Renascimento o terreno de eleição para elaborar seus teoremas mais decisivos, o Renascimento encontra em Argan um intérprete privilegiado, na medida em que ambos comungam de um mesmo ideal de cultura. Assim como o Renascimento de Maquiavel oferece a Gramsci um modelo a partir do qual pensar a política e o Estado moderno, o Renascimento de Giotto a Leonardo oferece a Argan o território de onde refletir (hoje) o fenômeno artístico. Pois este Renascimento que Argan nos propõe é movido pela mesma tocante convicção de seu intérprete: a de que a obra de arte, como a sociedade que ela exprime, é uma ordem, uma racionalidade inteligível. Argan foi o último herdeiro do Iluminismo. Mas não um herdeiro ingênuo ou inconsciente da agonia de tão tremendo legado, se em 1982 escrevia, no tom sereno dos testamentos: "A eternidade da arte é uma ilusão, o verdadeiro problema é a sobrevivência da civilização após o fim da arte"