MARTIN BUBER: CUMPLICIDADE E DIÁLOGO

Há aproximadamente sessenta anos tomei conhecimento e li o ensaio de H. Thoreau, A desobediência civil, com um forte sentimento: algo que me concernia diretamente. No entanto, somente bem mais tarde eu compreendi donde provinham tais sentimentos. O concreto, o pessoal, o ?aqui e agora? do escrito que conquistaram meu coração. Thoreau não formulou um princípio geral como tal; ele descreveu e fundamentou sua atitude numa determinada situação histórico-biográfica.? (Buber). Essa e tantas outras observações semelhantes revelam, com notável densidade, traço marcante da sua obra, que sentido Buber reivindicou à peculiar relação entre o pensar e o agir, entre a obra e a vida, entre o contingente e o absoluto, entre a presença no instante e a eternidade, desenhando-se e instituindo-se ontologicamente em intensa cumplicidade. Senão, como entender a ousadia da tonalidade, e por isso única, que Buber consagrou ao verbo, à palavra, numa mescla de fascínio e confiança, na estreita aresta entre a exclamação e a interrogação.