Sinopse
O Brasil, país vizinho, não termina na margem esquerda do Mampituba, como julgam gaúchos radicais. Termina 500 quilômetros, mas acima, no vale do Paranapanema. Não se trata de separatismo: trata-se de geografia e geologia, de história e arqueologia. O rio Paranapanema, na fronteira de São Paulo com o Paraná, de fato marca o fim do Brasil tropical e o início do Brasil meridional. A partir dali, a paisagem muda, a vegetação se transforma, os povos indígenas eram diferentes dos vizinhos "de cima", a colonização européia tomou outros rumos. O Brasil Meridional, por sua vez, começa a terminar na grande calha do vale do Jacuí e se encerra de vez no vale do Camaquã. Dali para baixo, começa o pampa - e aquele céu às avessas, recoberto de grama, pode ser tudo, menos Brasil. O pampa pertence a outro mundo, platino, quase austral, bravio e indômito. O Rio Grande, por isso e tudo e mais um pouco, é um pedaço de chão diferente do resto, um mundo à parte, uma terra de ninguém que virou o país dos gaúchos. Ita Kirsch, sólido como pedra, percorreu canyons, serras, lagunas e vastos areiais; viu trigais ao vento e araucárias ancestrais; conviveu com o Rei Congo, com velhos indígenas, com os cavaleiros do pampa, de poncho. E aquilo que Kirsch percebeu e registrou está aqui, nessas sublimes visões do rio Grande. Um lugar louco de especial.