O PINTOR QUE PINTOU O SETE

O menino Pedro tinha vontade de ser um grande artista e procurava pintar a alma das coisas. Saía alegremente de casa todas as manhãs, buscando o que pintar. Mas veio o inverno, o sol não aparecia e Pedro, preso em casa, espichado na cama, olhava apenas o teto, pensativo. Até que decidiu pintar tudo que havia naquela paisagem interna, inquieto, como se buscasse alguma coisa que nem seus olhos sabiam: "Eu não encontro o que procuro". A mão de Pedro se preocupava, e ele buscava. Depois de tudo pintar, pintou os objetos várias vezes e descobriu que saíam sempre diferentes, tanto na forma como na cor - foi uma descoberta feliz. Mas Pedro continuo procurando, ainda sem saber o que procurava. A chuva não passava, o garoto vivia pelos cantos da casa; abandonou a pintura. A mãe continuava a mediar esses momentos de busca e solidão de Pedro. Ele voltou a pintar, mas agora bem próximo do que buscava. Enfim a primavera, e um glorioso sol se espalhou por todas as coisas. Com o coração inundado de luz, Pedro acabava de descobrir o que desejava com a sua pintura: "apenas dar a si mesmo e aos outros um pouco de paz. Então beijou a mãe, abraçou o irmão, e saiu para pintar os barquinhos do mar".