MALÍCIA NEGRA

Uma ilha de natureza exuberante, com clima quente e úmido, a grosso modo preenche os requisitos para ser considerada um local paradisíaco, perfeito para se ter uma vida tranqüila, certo? Errado, se essa ilha for Azânia. Perdida no continente africano, Azânia é um território onde a lei que impera é a da corrupção, em que passar a perna no outro é tarefa rotineira e imprescindível para a sobrevivência. Não bastasse o universo de falcatruas que domina o território, seus habitantes - das mais diversas nacionalidades e etnias, como negros, árabes, armênios, franceses, ingleses e indianos -são obrigados a conviver com o canibalismo e a guerra civil que infestam o território, além dos insetos. Eis o cenário que o imperador de Azânia encontra quando retorna ao seu país para assumir o trono. Com a linguagem bem-humorada e leve que lhe é peculiar, Evelyn Waugh narra a história de Seth, o governante educado em Oxford que luta para trazer ao seu povo os modos civilizados do Ocidente. Suas ações, muitas vezes hilariantes e absurdas, levam-no a ter tantos seguidores quantos inimigos. Para vencer a batalha contra estes últimos e trazer Azânia à modernização, ele conta com a ajuda do ministro Basil Seal. O que parece uma tarefa bem intencionada e simples de se realizar, no entanto, transforma-se numa seqüência de situações cômicas, uma trama deliciosamente costurada pela perspicácia satírica de Waugh.