O BANDIDO QUE TODOS PROCURAMOS

Nas primeiras páginas desta comovente obra de estréia, uma menina vietnamita, que sobreviveu a uma jornada em alto-mar, com o pai e mais 4 homens, finalmente chega aos Estados Unidos e se refugia em uma casa, cujo anfitrião, apesar de bem-intencionado, parece relutante. Lá, ela encontra um peso de papel contendo uma borboleta e o quebra para libertar a bela criatura, na verdade, um símbolo do desejo de liberdade da protagonista, que constantemente se imagina voando de sua prisão americana, em memórias e passagens poéticos que retratam o visão de uma criança sobre a perda, o mudança e a saudade. Um outro foco da história é o casamento dos pais da menina, que se encontra à beira do colapso, devido às dificuldades de adaptação nos Estados Unidos mas também às lembranças do Vietnã. A mãe desafiara sua família católica, do Sul do país, para casar-se com um homem do Norte, que, segundo comentários do vizinhança era membro do Máfia. Violência e paixão, portanto, passam a permear a vida do casal. Não bastasse, há o enorme sentimento de perda diante da morte de um filho - afogado, nos mares do Sul da China -, cujo espírito às vezes retorna para assombrar o já confusa irmã menor. O bandido que todos procuramos é uma obra poética com imagens vigorosos e intensamente líricos. A trama ganha força à medida que o leitor avança por suas páginas e o voz densa e habilidosa de lê thi diem thúy o envolve como uma verdadeira benção.