ANOREXIA: DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE

Quando situações traumáticas nos atingem, perdemos o rumo de nossa vida. Sem motivo ou estímulo para prosseguir na jornada, podemos sofrer de depressão, síndrome do pânico e, entre outros males, anorexia. Se soubermos superar com coragem essas duras provas, como Dominique Brand fez, estaremos sublimando a dor e nos tornando preparados, como seres humanos, para enfrentar qualquer coisa. Este livro não pode ser caracterizado apenas como autobiográfico. Não é essa a proposta. Embora seja autêntico, ele reproduz somente algumas passagens de meu antigo diário de adolescente, as que julguei importantes para dar testemunho do difícil e estranho caminho de uma enfermidade. A única revelação para quem o lê está nas emoções ingênuas, mas verdadeiras, de uma garota de catorze anos e seu trajeto para uma situação aparentemente absurda: a anorexia. Seria falta de entendimento a conotação de autobiografia. Não foi com esse propósito que escrevi e decidi expor-me. Entre ficar calada e esclarecer outras mocinhas e a família delas, escolhi a segunda opção. Quis apenas demonstrar que qualquer pessoa, principalmente a adolescente, pode adoecer e colocar a vida em risco de uma forma nem sempre compreensível ou perceptível aos pais, mesmo que estes sejam tão amorosos quanto minha mãe. Agora, mais madura e consciente de tudo o que passei e sofri, posso analisar, com maior clareza, todo aquele período tenebroso de minha vida. Por isso, acrescento, às páginas do meu diário, no fim de cada mês, uma auto-análise, para que meninas e adolescentes e todos os seus familiares e amigos sejam alertados para tão terrível mal e não padeçam o mesmo que eu.