CRÍTICA DA COMUNICAÇÃO

Um Frankenstein tecnológico nos ameaça. Vivemos num mundo de máquinas: máquinas de transportar, de fabricar, de pensar. Para minimizar a catástrofe eminente, voltamo-nos para a comunicação: conceito mágico, modo invasivo, nova ciência litúrgica do século vindouro. Conseguirá a comunicação - sob todas as suas formas - salvar nossas sociedades? Contraditório, porém, é falar exageradamente de comunicação exatamente numa sociedade que já não sabe se comunicar consigo mesma: sua coesão é contestada, seus valores se desintegram, suas regras se anulam. Deus, a História, as antigas teologias e valores fundadores extinguiram-se enquanto meios de unificação. No vácuo criado por essa falência generalizada, a comunicação se desenvolve como tentativa desesperada de religar as análises especializadas e os ambientes fechados ao extremo. Tal é a comunicação: nova teologia dos tempos modernos, fruto da confusão de valores e das fragmentações impostas pela tecnologia. E dessa nova ciência, com suas escolas, laboratórios e sumos sacerdotes, Lucien Sfez faz a exploração sistemática e a crítica radial.