Sinopse
partir de 1938, o Serviço Social de Menores passaria a integrar o cotidiano de muitas crianças e jovens, cujas trajetórias ficariam impressas em seus prontuários, agora desvendados por Elaine Marina Bueno Bernal. Movida por extrema sensibilidade, a autora, ao desvendar esses Arquivos do Abandono, busca a singularidade da experiência de cada criança e de cada jovem. Ultrapassa, assim, o sistema institucional, mapeia as relações desses personagens com o mundo exterior ? permitidas por uma multiplicidade de situações ? e mergulha em seu mundo familiar. Dessa forma, permite ao leitor partilhar o cotidiano de Angélica, Marilda, Sérgio, Júlio, entre tantas outras crianças e jovens, cotidiano permeado por carências várias, por muita resistência, por procedimentos violentos, pela punição constante e por uma inevitável indefinição, presente tanto dentro dos muros da instituição, quanto fora deles: o que esperar do futuro? Essa indefinição, afeita ao percurso dessas crianças e jovens pela instituição e pela vida, vai se revelando emblemática à medida que o leitor, ao virar as páginas do livro, percebe-se incapaz de virar as páginas da história. Afinal, não há como ler este texto sem considerar sua incômoda atualidade, sem lembrar, antes mesmo de ler as palavras finais da autora, que essa história continuou e continua com a Febem ...