A CONVENIÊNCIA DA CULTURA: USOS DA CULTURA NA ERA GLOBAL

É uma teorização pioneira do diversificado papel da cultura num mundo cada vez mais globalizado. George Yúdice explora, de forma crítica, a maneira pela qual grupos, que variam de ativistas nativos, nações-Estados até organizações não-governamentais, chegaram a ver a cultura como um valioso recurso para investimentos, contestações, e como uma ferramenta para uma variedade de propósitos sócio-políticos e econômicos. A partir de uma surpreendente série de estudos ilustrativos, Yúdice desafia a noção gramsciana da luta cultural pela hegemonia desenvolvendo um entendimento de cultura em que a agencia cultural é negociada, em todos os níveis, dentro de contextos globalizados dominados pelo gerenciamento ativo da cultura. Ele descreve um mundo onde a "alta" cultura (como o Museu Guggenheim em Bilbao, Espanha) é uma forma de desenvolvimento urbano, em que rituais e práticas estéticas do dia-a-dia são mobilizado no sentido de promover o turismo e as industrias do patrimônio, e onde as industrias de cultura de massa abarcam partes significativas do Produto Nacional Bruto de várias nações. Yúdice argumenta que uma nova divisão internacional de trabalho cultural surgiu, combinando diferenças locais com administração e investimento transnacionais. Isso não significa que a cultura contemporânea, cada vez mais transnacional - exemplificada pelas indústrias do entretenimento e pela assim chamada sociedade civil global das organizações não-governamentais - seja necessariamente homogeneizada. Pelo contrário, demonstra que as diferenças nacionais e regionais ainda são funcionais, modelando o significado de fenômenos desde a música pop até o ativismo anti-racista. Yúdice considera uma variedade de situações nas quais a política de identidade e a agencia cultural são negociadas em meio a poderosas forças transnacionais. Entre elas, estão a iniciativa de ação da cidadania no Rio de Janeiro; o inSITE, um festival trienal que se estende desde San Diego até Tijuana, e a cidade de Miami. Sua abordagem inclui também reflexões acercados usos da cultura num mundo instável no qual a censura e ações terroristas interrompem os canais usais dos fluxos capitalista e artístico.