JORNALISMO EM "TEMPO REAL": O FETICHE DA VELOCIDADE
Sylvia Moretzsohn
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Sinopse
Este livro propõe exatamente realizar essa crítica, tornando por base os conflitos presentes na tradicional promessa do jornalismo de dar "a verdade em primeira mão". Assim, divide o lema em duas partes para depois cruzá-las novamente, extraindo daí uma síntese que busca outra qualidade para o trabalho jornalístico. Primeiro analisa o contexto no qual se constitui a percepção de "aceleração do tempo", que a imprensa, consolidando-se como atividade industrial, ajuda a sedimentar. Em seguida, trata dos princípios e métodos segundo os quais o jornalismo pretende cumprir o ideal iluminista de "dizer a verdade", demonstrando como esse ideal é sistematicamente traído diante das condições reais de produção - que, na era do "tempo real", funcionam de acordo com a valorização da informação instantânea. Retornando um conceito clássico da teoria marxista, expõe as implicações contidas na definição da notícia como mercadoria e conclui que a velocidade é um fetiche reproduzindo sistematicamente pelo jornalismo, expresso exemplarmente num comentário de Luís Fernando Veríssimo: "vivemos num tempo maluco em que a informação é tão rápida que exige explicação instantânea e tão superficial que qualquer explicação serve".