DA LUTA PELA TERRA À LUTA PELA VIDA

É, portanto, com agradecida emoção que se pode ler este bem cuidado estudo de caso de Eliane Brenneisen, uma das melhores conhecedoras da vida e das contradições dos assentamentos da reforma agrária brasileira. Das melhores conhecedoras porque é capaz do cuidado científico de boa observação direta dos fatos e das minúcias reveladoras. E também das tensões próprias dos processos sociais que se desenvolvem em torno do eixo decisivo do questionamento de um direito de propriedade que precisa de atualização histórica não só em nome da justiça social, mas também em nome dos interesses nacionais do Brasil. Os estudos de caso são essenciais para que a sociologia possa construir uma detalhada compreensão de problemas e contradições de uma sociedade. O genérico dos grandes debates, como neste tema, dilui detalhes decisivos no modo social como o confronto próprio da luta pela terra se instala a cada minuto da vida de seus protagonistas. [...] Este estudo abre perspectivas de compreensão aimpla da luta pela reforma agrária no sobre a luta se revela [...]. Não só em relação ao que costumeiramente se diz a esse respeito, mas principalmente em relação ao que não se diz e até se procura acobertar. Mais do que um episódio do quadro brasileiro de problemas sociais do campo, este caso é uma prospecção na terra infecunda do latufúndio e, ao mesmo tempo, na humanidade do assentado, uma prospecção no Brasil dos nossos dias e das nossas incertezas e apreensões. Um convite, enfim, à seriedade no estudo das grandes pendências históricas deste país.