COMPREENSÃO E FINITUDE: ESTRUTURA E MOVIMENTO DA INTERROGAÇÃO...

Na vida e obra de cada pensador se esconde um elemento profundo que comanda sua interrogaçãoe alimenta sua reflexão. Por momentos manifestando-se com maior visibilidade e, em outros, retendo-se na penumbra do pressentimento, sua presença constante acompanha a gênese do pensamento filosófico. Por isso a unidade de um pensamento não se deverá tanto a fatores externos de sistematização rígida e às conquistas conceituais de determinada área, mas, ela residirá, em primeiro lugar, neste elemento primeiro e original que fecunda a meditação, resistindo à sua própria explicitação reflexiva. Em momentos decisivos o pensador é envolto por essa realidade e do encontro misterioso jorram as fontes que alimentam o monotonia da meditação cotidiana. Um pensador que construísse seu pensamento de imagens e conceitos convencionais dominados pela linguagem e armazenados no uso corrente, esquecido do horizonte criador que nele se esconde, muito pobre seria e despojado de originalidade. Cada pensador tem o seu anjo com quem luta no invisível e a quem resiste até extrarir o segredo que progressivamente pressente. Da resitência daquilo que o pensador persegue em sua intimidade nasce a força fecundante de seu pensamento e o poder criador que dos subterrâneos arranca a ilha de sentido que ele comunica em sua obra. "A onda da vida não se elevaria tão alto com suas espumas, tornando-se espírito, não fosse a muda rocha antiga, o destino opor-lhe resistência".