INÁCIO DE LOYOLA SOZINHO, E A PÉ

Em pouquíssimos meses, sem que os jornais se dessem conta que as revistas especializadas tivessem tempo de fazer resenhas, a copiosa edição original deste livro se esgotou. E isto só pode ser explicado pelo fascínio que sua leitura desperta desde as primeiras páginas e nos fazer desejar o mesmo para a edição que ora publicamos.áginas e nos fazer desejar o mesmo para a edição que ora publicamos. Tellechea é um pesquisador por vocação, foi ele quem tirou do pó a Espanha do século XVI. Mas neste livro, abandona o recurso à erudição, se livra do pó dos arquivos e traça a biografia essencial de um fidalgo e pobre andarilho, que percorre sozinho e a pé todos os caminhos da Espanha e da Europa, movido pelo desejo de chegar a Jerusalém, ansioso por pisar nas pegadas de Jesus. Tellechea quase não fala no livro. Deixa que Inácio dialogue com a gente, rodando por pousadas e caminhos, mendigando e comendo "o que lhe dão e quando lhe dão". As pessoas o conhecem por "o homem do saco" e as crianças por "I ome Sant", ainda que para alguns às vezes pareça um louco pouco desejável. E isto lhe provoca dissabores e pesares, já que não conhece o pensamento de seu conterrâneo Unamuno de que "só os loucos estão na verdade". Assim, chega a Jerusalém e volta a Roma, que "também é Jerusalém", até que um dia do outono de 1539 morre de "morte natural", segundo a afirmação de uma testemunha. A este caminhar constante, entre alegrias e contratempos, se reduz este relato, o mais belo e luminoso jamais escrito sobre Ã?ñigo de Azpetita. Um relato simples, como uma estampa de velho santoral, mas com um substrato de inúmeras leituras, das quais brotou este perfil humano do caçula dos Loyolas, sincero, rigorosamente histórico, despido de clichês inexatos, procedentes de adeptos ou de detratores.