Sinopse
A história de um jovem adulto com deformidades e uma adolescente arredia, unidos pela necessidade de se protegerem de um mundo ao qual não estão adaptados, é o tema do livro Pigtopia, em português, "O paraíso dos porcos", de Kitty Fitzgerald. Lançando mão da voz dos personagens Jack Plum e Holly Lock, a autora explora com sensibilidade e transparência a rotina de dois novos amigos que, por razões diversas, sentem-se figuras diferentes das que existem em seu círculo social. Através deles, a escritora trata de temas universais como tolerância, família e amizade.Magra em excesso, filha única de um casal separado, e apaixonada por flores, a solitária Holly transita com dificuldade no grupo de amigos do colégio. Sua aparente tranqüilidade é abalada quando a mãe decide oficializar um romance com um novo homem e o traz para o convívio dentro da casa. Desorientada, ela acaba se afeiçoando a uma criatura que todos os demais consideram amedrontadora. Esta pessoa é Jack Plum.Mais velho e com uma trajetória de sofrimentos iniciada na infância, Jack tem a cabeça desproporcional ao restante do corpo, vítima que foi de uma macrocefalia. Depois do parto complicado, a mãe dele fica deficiente e passa a não poder andar. Após a súbita ausência do marido, ela torna-se alcoólatra. Neste contexto, carregada de rancor e ódio, acorrenta o próprio filho a uma rotina de humilhações e desprezo, apesar de depender de seu auxílio para todos os movimentos.Apelidado de "monstro", excluído do convívio social e massacrado pela própria mãe que lhe imputa uma culpa para a qual ele jamais teve intenção, Jack transforma o sótão da casa em refúgio e aprende a lidar, criar e amar os porcos, hábitos que herdou do pai. Eles são as únicas criaturas no mundo que lhe transmitem companhia, carinho e solidariedade.O encontro de Jack com os porcos, de Holly com as flores, de ambos, e deles com a realidade do mundo são descritos neste livro de forma envolvente. O mergulho em expressões, sonhos e preocupações juvenis propicia o embate da inocência com a crueldade humana. Assim, é mostrado que simples desejos como "viver em paz" podem se transformar em uma utopia, na medida em que a vida se apresenta, inesperadamente, repleta de tragédias e contradições.