DIA DE SÃO NUNCA À TARDE

Dia de São Nunca à Tarde é uma deliciosa novela de Roberto Drummond, um dos grandes nomes da literatura brasileira. Morto em 2002 julgava-se que sua obra tivesse sido interrompida. Mas ele deixou inédito, num velho baú, um livro inacabado de novelas e contos longos intitulado Recordações do Paraíso. Apenas um dos textos do livro – a novela Dia de São nunca à Tarde – foi dada como concluída pelo autor, que tinha o hábito obsessivo de reescrever seus livros dezenas de vezes. Dia de São Nunca à Tarde (88 Págs., R$ 19, Geração editorial) é lançado agora pela Geração Editorial, que já tem em seu catálogo duas grandes obras do mineiro Roberto Drummond: Inês é Morta (1993) e Sangue de Coca-Cola (1980). Utilizando uma estrutura perecida com a de Hilda Furacão - seu livro mais famoso adaptado pela TV Globo em 1998 -, Roberto Drummond narra a história do internato do colégio São Francisco, na década de 50, em Minas Gerais. Nesse lugar incrível, alunos, fantasmas mal-humorados e freis milagreiros dividem o mesmo espaço. Como o próprio autor diz no começo da história, é como se tudo estivesse sendo sonhado.Depois das férias escolares, todos esperam ansiosamente pela volta do belo aluno Gabriel, um adolescente louro gêmeo de Gabriela, também estonteantemente bela. Gabriel é a estrela do time de futebol do internato, o Estrela Solitária Futebol Clube e também astro do Trio Maldito, formado por ele, Tomzé e Ruivo. Frei Vicente é um dos que aguarda pela volta de Gabriel. Além de ser o diretor-geral do colégio, Frei Vicente também é o técnico do Estrela Solitária e sabe que, com a bola nos pés, só Gabriel pode fazer Milagres. Os capítulos se desenrolam em ritmo de suspense e humor e um mistério paira no ar quando Gabriel chega: será ele mesmo ou será Gabriela disfarçada? Sabe-se que Gabriela gostaria de ser homem, e Gabriel, mulher. A história toma rumos inesperados. Frei Tanajura é o primeiro a desconfiar de uma possível troca. Ele teme que Frei Vicente peça sua transferência para um colégio na selva Amazônica, vizinho dos temíveis índios Cintas-Largas, conhecidos como antropófagos. Foi ele que castigou severamente Gabriel na ausência de Frei Vicente e, por conta dessa punição, Gabriel quase não volta ao internato. Se Frei Tanajura denunciar o terrível plano dos irmãos, pode livrar-se do exílio com os índios canibais.