Sinopse
do jornalista e escritor Rogério Menezes, desconstrói, sem deixar pedra sobre pedra, pilotis sobre pilotis, palácio-da-alvorada sobre palácio-da-alvorada, o preconceito banal, disseminado por todo o país, de que a capital federal seria cidade fria, sem vida, árida, sem-esquinas, apenas pedaço-de-fim-de-mundo que serviria como pano de fundo do centro do poder político do país. Pesamento recorrente, de norte a sul, de leste a oeste: Nesse "lugar sem lei onde manda quem pode, obedece quem tem juízo" onde, como diria Caetano Veloso, se concentram os "podres poderes", cometer-se-iam apenas desmandos, corrupções, falcatruas de grande porte, e outras mazelas associadoas ao (mau) jeito de lidar com os bens públicos, que seria a marca registrada dos nossos governantes. Não é bem assim. Há, de acordo com Rogério Menezes, "uma outra cidade, desconhecida, escondida, invisível, à margem dessa, oficial, eventualmente corrupta, eventualmente sede-de-práticas-políticas-nem-sempre-nobres. Trata-se de cidade como outra qualquer, com esquinas, com botecos, com lugares-que-de-tão-lindos-chegam-a-emocionar, com lugares-que-de-tão-pobres-chegam-a-emocionar, com felicidades e infelicidades, com certezas e incertezas, com amores e desamores, com graças e desgraças, com homens bons e maus, enfim, com gente como outra qualquer, vinda de todo canto e nação." Nas 60 crônicas que compõem o livro, selecionadas entre as mais de 800 que o autor publicou diariamente no Correio Brasiliense, entre julho de 2000 e novembro de 2002, desfilam personagens de carne e osso, gente vinda de todo canto do país e que habita a cidade ainda em processo, ainda em fase de aprendizado, ainda, ao contrário de muitas outras, em fase de se poder transformar em cidade melhor em algum lugar do futuro. São Personagens arrancados das ruas brasilienses e das cidades ao redor, mergulhados em solidões, misérias, alegrias, tristezas, desilusões, ilusões e, também, transcendências.